domingo, 26 de novembro de 2023

Habbo Hotel


    O ano era 2007. Era quase Natal. Eu, com meus 11 anos à época, não imaginava que eu descobriria o jogo que mudaria minha vida para sempre. Mas vamos por partes; essa é uma longa história que envolve toda a trajetória do jogo, desde a sua criação até o seu atual declínio.
        Sempre fui apaixonada por MMOs ("Massively Multiplayer Online" ou "Multijogador Online em Massa"), mas nunca tinha encontrado algum que fosse realmente a minha cara, um lugar digital ao qual eu pertencesse. O que mais chegou perto foi o "Clube Cheetos" (≈2004), que rapidamente desapareceu quase sem deixar vestígios, ao ponto de parecer ter sido um delírio coletivo. Por um tempo joguei, também, o "Zwinky" (2008 – 2016), um jogo bem desconhecido, que também desapareceu (embora este tenha deixado alguns vestígios e hoje exista até mesmo um remake feito por fãs)... Na falta de opções, tentei até mesmo jogar "Second Life" (2003 –), que existe até hoje, mas foi uma experiência bem decepcionante, provavelmente porque na época, por volta de 2011, o jogo já tinha passado de sua época de ouro (2006) e, portanto, já estava bastante capengacomo o próprio Habbo Hotel está hoje em dia (mas esse é um assunto para daqui a pouco). Já o "Club Penguin" (2005 – 2017), nem cheguei a tentar jogar, embora seja, de todas essas menções, provavelmente o mais famoso no Brasil.
        Foi então que, em 2007, procurando a música "Minha juventude" (Mr. Gyn), encontrei no Youtube um vídeo clipe em versão Habbo Hotel. E foi aí que tudo começou, a minha longa história de pixels, que no Habbo Original durou até meados de 2012, e que, nos Habbo Piratas, teve uma vida estendida em 2016 e em 2022. Mas chegaremos nisso em instantes, segura firme.
        O mais importante é que esses anos, de 2006 a 2012, foram não apenas a época de ouro do Habbo Hotel brasileiro (o famoso "Habbo BR"), como também, em termos de nostalgia, a época de ouro da internet brasileira. A esmagadora maioria dos PCs rodava Windows XP [🔊]; as comunidades online tiveram o seu florescimento graças ao MSN Messenger (mensageiro instantâneo inesquecível) [🔊] e ao Orkut (a rede social que vigorou no Brasil desde 2004, em contraste com o Facebook, popularizado no Brasil só por volta de 2012).
        Estamos falando da época de grandes sucessos do Disney Channel, como High School Musical [🎵]; Camp Rock [🎵]; Hannah Montana [🎵]; As Visões da Raven [🎵]; Zack and Cody [🎵]; e, nessa mesma linha, o programa brasileiro Zapping Zone [📽️], do qual pouquíssimas pessoas irão se lembrar. No campo musical, o que estava no auge era Lady Gaga (com Bad Romance 🎶), The Black Eyed Peas (com Meet Me Halfway 🎶), Katy Perry (com Firework 🎶), Bruno Mars (com Billionaire 🎶) e Kesha (com Tik Tok 🎶). Estamos falando da época em que Minecraft [🎵] nasceu e se tornou um sucesso global. Só quem viveu essa época é capaz de saber e sentir o tamanho e o sabor da nostalgia representada por isso tudo. É a esse período temporal ao qual Habbo pertence.
*
Aos que quiserem reviver essa época através da música, preparei uma playlist de Spotify de pura nostalgia sonora que remetem aos anos 2007 – 2012. Você pode ouvir a minha playlist clicando aqui [💿🎺].

Sobre o jogo
O que é e como funciona?
        Agora que já fizemos a contextualização, vamos direto ao ponto: o que é e como funciona o Habbo Hotel? (Bing Chat + GPT-4)
        O Habbo Hotel é um mundo virtual onde os usuários podem criar personagens, construir e decorar quartos, trocar de roupa sempre que desejarem, conversar com outros jogadores, realizar trocas de "mobis" (mobílias digitais), cuidar de animais virtuais, criar e jogar jogos, e completar missões, entre muitas outras atividades. Os jogadores podem explorar uma lista interminável de quartos, realizar tarefas, conversar e ganhar prêmios. Embora o jogo seja gratuito, alguns itens extras, como mobis normais e mobis raros, Habbo Clube, Clube do Arquiteto e mascotes, só podem ser adquiridos com Habbo Créditos (moedas), comprados com dinheiro real.
        O jogo tem um forte aspecto social, permitindo que os usuários façam novos amigos e participem de vários grupos de RPG criados por outros usuários, como hospitais, delegacias de polícia, exércitos e agências. É marcado também por flertes digitais, amizades duradouras, inimizades e histórias memoráveis.
        Originalmente, o Habbo foi criado em 1999 na Finlândia, como um projeto chamado "Mobiles Disco", para uma banda finlandesa. Em 2000, transformou-se no hotel virtual "Hotel Kultakala" (traduzido como Hotel Peixe Dourado). Em 2001, a versão beta do Habbo Hotel (internacional) foi lançada, com um sistema de créditos e recursos de comunidade e segurança. Desde então, expandiu-se para 31 países, em cinco continentes, reunindo usuários de mais de 150 nações.
        No Brasil, o Habbo Hotel chegou em fevereiro de 2006, tornando-se um dos hotéis mais populares e bem-sucedidos da Sulake, empresa que administra o jogo. Em 2020, celebrou 20 anos de existência, ano em que a Sulake foi adquirida pela empresa holandesa Azerion. O jogo também experimentou um aumento de usuários devido à pandemia da COVID-19. Em outubro de 2020, foi relatado que acumulou 316 milhões de avatares desde seu lançamento.
        Para o youtuber Justin Vandenbold (@bjiru_), autor do vídeo "O Iceberg Perdido do Mundo Virtual": "O Habbo Hotel é um dos mundos virtuais mais antigos que já existiu. É um jogo que lançou as bases para a definição do que é um mundo virtual. E ainda é totalmente jogável 23 anos depois. Trata-se de um mundo 2.5D com um estilo de pixel art muito charmoso, em que você pode criar seu próprio avatar, jogar jogos e também construir seus próprios quartos. Ele foi lançado na década de 2000, antes de qualquer tipo de moderação na web, e não era necessariamente voltado para crianças, mas para adolescentes e jovens adultos."
        Portanto, estamos falando de um jogo que abriu caminhos e que estabeleceu um modelo a ser seguido por outros MMOs, servindo de referência para toda uma geração de jogos que o sucederam — em especial para o famoso Roblox, que talvez possamos considerar como herdeiro do sucesso que um dia teve o Habbo.
        Naquela época (2007  – 2012), o Habbo Hotel era realmente um jogo transformador. Para os jogadores mais assíduos como eu, entrar no Habbo Hotel significava ser transportado para dentro de outro mundo. Era uma verdadeira experiência social em forma de pixels. Não havia quase nada parecido na internet, pelo menos não nesse estilo. De repente, tornou-se possível conhecer centenas de pessoas, fazer dezenas de amizades, criar seu estilo, construir e decorar seus quartos, realizar trocas, compras e vendas, criar e participar de gincanas virtuais etc. Quem jogou nessa época tem memórias inesquecíveis.


        Havia uma série de mini jogos oficiais que tornavam o jogo muito especial. Isso na época em que o jogo rodava através da plataforma Adobe Shockwave, ou seja, antes de 2009. São eles, principalmente:         Inclusive, o youtuber @HabboKartBR fez a gentileza de compilar uma enorme quantidade de mini jogos (tanto os oficiais quanto os feitos por usuários) em seus vídeos "50 Jogos que existiram no Habbo" (vídeo 1 e vídeo 2); com esses vídeos, você pode visualizar como era cada mini jogo que tornava o hotel um lugar tão divertido, onde o tédio não tinha vez. Dentre as muitas versões do jogo, muita coisa foi se perdendo no caminho. Cada ano, o Habbo recebia atualizações importantes, mas a partir de 2012, as atualizações mais prejudicaram do que qualquer outra coisa. Felizmente, em nome da memória do jogo, o blog ViaJovem fez uma publicação para registrar as novidades de cada ano da época de ouro: 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011.
        É importante entender que, nessa época, os jogadores não ficavam só nos quartos. Havia toda uma cultura em torno dos chamados "Espaços Públicos", quartos grandes e oficiais, extremamente diversos em suas temáticas, que tinham um charme inexplicável. Lembrando: estou falando da versão clássica desses pontos oficiais de encontro, da época do Shockwave. Você pode conferir a lista completa deles clicando aqui. Esses lugares digitais estão no cerne da nostalgia que era jogar Habbo por volta de 2007. Algumas menções especiais são o Wobble Squabble, o Clube Oriente, o Clube Mamute, os Corredores, o Cinema e a Piscina. Os Espaços Públicos clássicos eram permeados por uma atmosfera que eu simplesmente não consigo colocar em palavras. Eles eram o suprassumo do Habbo Hotel e, portanto, concentravam o melhor que o jogo tinha a oferecer: uma gigantesca sensação aconchegante de pertencimento.
        A melhor parte do dia era chegar da escola e correr para o computador para poder mergulhar no mundo de pixels, à época muito mais interessante que a vida real. Um lugar onde para conhecer pessoas, fazer novos amigos, montar quartos, participar de competições, enfim... Ter uma vida social ativa, muito mais divertida e mais segura do que a vida real, um recanto virtual longe do bullying e da desmotivação que eu vivia diariamente na escola pública. Habbo Hotel era, acima de tudo, um mundo à parte que valia a pena ser vivido.
Amizades de pixels:
Como Habbo transformou minha vida
        Quando mencionei no início desta análise que o Habbo Hotel mudou a minha vida para sempre, não era um exagero completo — no máximo, um exagero poético. Durante os anos em que me aventurei tanto no Habbo original quanto nos Habbos Piratas, fiz amizades inesquecíveis, muitas das quais ainda guardo carinhosamente no coração. Em particular, Joel A. e Luiz H., que me acolheram calorosamente em Curitiba (PR) quando me mudei para lá em 2015 para cursar a faculdade. Sendo de outro estado, eu era uma forasteira naquela cidade, mas não estava sozinha: tive dois grandes amigos ao meu lado, que me ofereceram apoio e ajuda quando mais precisei. Joel era relativamente famoso no Habbo original, por ser Administrador do renomado fan-site Café Dourado (que ficava atrás somente da Habbid), enquanto Luiz era fundador da HPCS, uma comunidade no Orkut que ensinava a criar Habbos Piratas usando o Debbo 3.5.
        Além disso, em 2009, fiz amizade com um americano, Simon M. (que descanse em paz). Infelizmente, ele já não está mais entre nós. Mas, em 2011, Simon me convidou para visitá-lo nos Estados Unidos, onde, aos 15 anos, passei um mês em sua casa, acolhido por sua família e amigos. Isso aconteceu em julho de 2011; em agosto do mesmo ano, ele veio ao Brasil comigo, vivenciando nossa cultura, nossa culinária e a hospitalidade brasileira — uma conexão incrível possibilitada pelo Habbo Hotel.
        As amizades que criei são numerosas e profundas. Tive o privilégio de conhecer Igor L. e Pedro F., dois dos mais brilhantes programadores de nossa geração. Ajudei meu amigo Lucas R. no processo de autodescoberta e aceitação de sua sexualidade. Dei muitas risadas com minha querida amiga Vanessa B., que me ensinou o valor da humildade. Com meu amigo Vitor V., outro programador, aprendi que nada é impossível. Com minha amiga Letícia G.,  que desde muito cedo mantém um blog de prosa e poesia, aprendi a me conectar com a escritora que habita em mim. Essas amizades, advindas de todo o Brasil, persistem até hoje, graças às redes sociais.
        Fora esse lado das amizades, o aspecto social do Habbo me serviu de simulador para que eu pudesse desenvolver minhas próprias habilidades sociais. Na vida real, eu era apenas uma nerd introvertida; no mundo virtual do Habbo, eu podia ser algo além: o que eu quisesse, o que eu conseguisse... Eu poderia ser eu mesma, ou a versão que eu inventasse de mim. Assim, de 2007 a 2012, tive uma intensa vida social online, em que aprendi a socializar, conversar, negociar, discutir, respeitar e nutrir amizades. Desenvolvi habilidades sociais que utilizo na vida real até hoje. Nesse sentido, não é um completo exagero afirmar que a minha vida não foi a mesma depois do Habbo Hotel. Sou grato à comunidade da época de ouro por ter me possibilitado crescer como pessoa.
A Queda e o Declínio:
Habbo Hotel nunca mais foi o mesmo
         Chegamos, finalmente, ao grande ponto central a ser abordado nesta análise. Já expliquei que o Habbo Hotel teve sua época de ouro (de 2006 a 2012 no hotel brasileiro) e que, depois disso, tudo mudou — para pior. Atualmente, o que sobrou do Habbo é apenas uma sombra distante do que um dia já foi. Essa não é a minha simples opinião, mas o consenso geral de todos aqueles que jogaram o Habbo antigamente e que, portanto, sabem o que ele era. Apesar de o jogo estar online até hoje, seria um equívoco grotesco supor que ele é o que deveria ser.
        Esse é um longo assunto que envolve múltiplos fatores. Não existe uma resposta única ou simples para explicar o que estragou o Habbo. Mas a Inteligência Artificial pode nos ajudar a começar a entender :
        O declínio do Habbo Hotel é um tema complexo e controverso que envolve vários fatores internos e externos. Um dos maiores fatores que contribuíram para o seu declínio foi a demissão dos gerentes e moderadores humanos, que eram responsáveis por organizar eventos, moderar o jogo, interagir com os usuários e resolver problemas. Em 2012, a Sulake decidiu substituir os gerentes humanos por bots. Isso gerou insatisfação e revolta entre os jogadores, que se sentiram abandonados e desrespeitados pela empresa.
        Outro fator que afetou o Habbo Hotel foi o fim do suporte ao Flash Player em 2020, que era a plataforma usada para rodar o jogo desde 2009 (antes disso, era rodado na clássica plataforma Shockwave Player). Com o fim do Flash Player nos navegadores modernos, a Sulake teve de migrar o jogo para uma nova tecnologia chamada Unity. Devido a isso, muitos usuários reclamaram e rejeitaram a mudança no design e na jogabilidade. Com isso, houve uma perda gigantesca na identidade visual e cultural do jogo. Isso tudo, somado às más decisões e falta de investimento da Sulake, resultaram no declínio progressivo  e irreversível do Habbo Hotel.
        Quanto aos fatores externos que contribuíram para esse declínio, o Habbo também enfrentou a concorrência de outros jogos online, que ofereciam mais recursos, diversidade e inovação, e que ficaram muito mais populares, como o "Roblox" (2006 –). Esses jogos atraíram muitos usuários que buscavam novas experiências e desafios, deixando o Habbo Hotel para trás.
        O fim do Flash foi um luto insuperável para muita gente, e eu me incluo nessa lista. Já havia sido difícil aceitar o fim do Shockwave em 2009, plataforma que dava ao Habbo a sua atmosfera retrô original. Com essa primeira perda, já deixamos para trás todos aqueles mini jogos mencionados, a mão gigante que costumava guardar os mobis e o console clássico, elementos essenciais que faziam parte da estética do jogo. Quando tivemos a notícia de que teríamos que abandonar também o Flash, sabíamos que era o começo do fim. E estávamos certos. A partir da nova versão em Unity (suportada pelos navegadores modernos), uma parte gigantesca da "identidade visual e cultural" original do Habbo foi perdida, e no lugar foi implantado algo genérico e levemente deformado. De uma hora para outra, a estética original do Habbo se tornou apenas uma lembrança aconchegante na memória daqueles que tiveram a sorte de jogar o Habbo em Shockwave e em Flash.
        Contudo, em termos de decisões empresariais que foram "tiros no pé", o maior erro da Sulake foi demitir os gerentes humanos. Sobre eles, aqui vai uma recapitulação: lá por 2006, havia os três primeiros gerentes do Habbo BR: Flecha, Mordomo e Paty-Nestle. Poucos chegaram a pegar essa época. (O Mordomo, aliás, era uma conta fake da própria Flecha.) Felizmente, para a conservação da memória Habbo, o youtuber @Emiseis (que infelizmente não está mais entre nós desde 2021) fez um vídeo muito relevante sobre esses gerentes pioneiros do Habbo brasileiro. Em 2008, eles partiram e deram lugar à segunda leva de gerentes: vieram à tona o famosíssimo 4Queijos, o carismático Disco-Lee e a MissFurby.
        Dentre todos os gerentes da história do hotel brasileiro, é inegável que o 4Queijos foi o mais popular; a sua biografia de pixels não me deixa mentir. E ainda em relação a essa segunda geração de gerentes, eu não poderia deixar de enaltecer o youtuber Igor Saringer , que "zerou a vida" ao entrevistar essas três lendas do Habbo! (Os links das entrevistas estão aqui: 4Queijos, Disco-Lee e MissFurby.) Fora essas figuras mais conhecidas, houve outros gerentes clássicos, como a Reeet, o TheDJHabbo e a Acapulca, e outros ainda menos conhecidos, como o Sir-Lawnrence, a Prefeita e o DJapamala. Devo mencionar também os moderadores, dentre eles os mais famosos: MOD_Guto, MOD_Annie e MOD_Bezao. Na época, eu conhecia uma moça que, pelo que as pessoas especulavam, era, na verdade, a MOD_Annie. Mas ela fugia do assunto quando tocavam nele, o que só aumenta o mistério. Bom, nunca vamos saber.
        O fato é que essa equipe de Gerentes e Moderadores — que engloba o que chamamos de Habbo Staff — tinha um papel fundamental. Eles movimentavam a comunidade com eventos (jogos ao vivo), promoções (desafios de construção, pixel art ou enigmas), entrevistas com celebridades pop da época. Mais do que isso, eles zelavam pela segurança dos usuários, garantindo que a Habbo Etiqueta (as regras do jogo) fossem seguidas — aplicando as devidas sanções (diferentes modalidades de banimento) a depender da gravidade das violações. Ou seja, a Equipe Staff, os funcionários do hotel, eram adultos pagos para manter a ordem e a diversão. Em 2012, a Sulake, lá na Finlândia, achou que seria uma boa ideia demitir todos eles e substituí-los por bots. O que poderia dar errado? O objetivo era corte de gastos e automação; na época, foi reportado que se tratava de uma nova "estratégia de negócios": a demissão massiva do quadro de funcionários e o fechamento dos escritórios nacionais ao redor do mundo. O fim do Flash foi compreensível, já que se tratava de uma imposição tecnológica dos navegadores modernos, porém, essa demissão dos gerentes foi um grande empurrão que a empresa deu para que o Habbo fosse arremessado ladeira abaixo, até chegar à decadência na qual se encontra hoje.
        Bom, embora esses dois fatores fatores tenham pesado muito para a queda do Habbo, há também outros dignos de nota: o fator capitalista e o fator de segurança. Sobre isso, trago abaixo um resumo do maravilhoso vídeo "A Glória e a Queda de Habbo Hotel", do youtuber Bruno Rataque:
        O Habbo Hotel, um jogo que fez parte da infância e adolescência de muita gente, marcou gerações. A versão brasileira do Habbo Hotel foi lançada em 2006 e bateu recordes de usuários, com mais de 69.000 jogadores online em um único momento.
        No entanto, ao longo dos anos, a Sulake, a empresa por trás do jogo, começou a tomar decisões que desagradaram os jogadores. Mudanças nas políticas de moderação e a remoção de administradores e moderadores humanos levaram a problemas de segurança e abuso no jogo. Além disso, o jogo enfrentou desafios relacionados à economia interna, inflação e a presença de agências de trabalho que muitas vezes envolviam esquemas fraudulentos.
        A partir de 2011, a Sulake fez mudanças questionáveis, como o aumento das taxas. A comunidade tentou protestar, mas as mudanças continuaram. A empresa concentrou seus esforços em monetizar [ainda mais] o jogo, o que afetou a experiência dos jogadores negativamente.
         Em 2012, um escândalo envolvendo a segurança de crianças no jogo atraiu atenção negativa da mídia. Isso afetou a reputação do Habbo Hotel e levou a perdas significativas de jogadores.
        A respeito do fator monetário, o fato é que, desde sempre, o Habbo teve um forte componente capitalístico. Afinal, em tese, a única forma de obter as moedas, as mobílias e as demais regalias é investindo dinheiro real no jogo. Mesmo na época de ouro, não era possível dissociar a diversão de jogar Habbo de um certo esforço por enriquecer dentro do jogo. Eu, por exemplo, consegui a maior parte dos meus mobis vendendo serviços de web design em troca de barras de ouro dentro do jogo. Muitas pessoas chegaram até mesmo a recorrer a meios ilegais, como fraudes e golpes, para fazer a limpa em contas alheias. Havia uma nítida segregação social, como nos conta o youtuber @PescoçoFino em seu vídeo "Habbo Hotel 17 anos depois": "A galera riquinha no jogo não se mistura com os pobres, já que quem tem HC (Habbo Club) não quer se relacionar com quem não tem. Era um jogo que movia as pessoas pelo capitalismo, onde se aprendia de tudo um pouco. É o reflexo da sociedade, mas online." Isso sempre fez parte do jogo, o que não deixa de preparar os usuários para o mundo real.
        Contudo, a partir de 2011, a própria lógica da Sulake foi de, cada vez mais, a sacrificar a jogabilidade em nome da lucratividade. Um exemplo disso é o Clube do Arquiteto, que dispensa a necessidade de você comprar mobis, contanto que você assine a sua salgada mensalidade. Ou seja, nesse caso, em vez de comprar itens individuais, os jogadores pagam uma taxa mensal para ter acesso a uma biblioteca de mobílias, o que aumenta a lucratividade da empresa ao incentivar os jogadores a manterem uma assinatura contínua em vez de fazerem compras únicas.
        Ainda dentro do tema "economia interna", essa é outra coisa que a Sulake conseguiu estragar. Antigamente, havia uma primorosa economia de raros: eles eram muito difíceis de conseguir. Ser capaz de comprar, trocar ou vender um raro era uma conquista digna de comemoração. Muita gente fez sua riqueza em cima disso, montando coleções impressionantes ou lojas prestigiosas dentro do jogo. Hoje em dia, por outro lado, a economia de raros reflete a abordagem comercializada da Sulake, que se importa muito mais com quanto dinheiro entra em conta do que com o quão especiais são os raros. Não há mais aquela noção de algo exclusivo, de prestígio; os raros deixaram de ser raridade e se tornaram, simplesmente, mobílias de pura ostentação: muito caros, mas não necessariamente algo escasso. Isso também vale para os emblemas, que antigamente eram super especiais, enquanto hoje em dia não se pode dizer o mesmo.
        Já sobre o escândalo de segurança em 2012, a I.A. nos explica:
        Em 2012, o Habbo Hotel enfrentou um escândalo de grande magnitude que teve repercussões significativas tanto para a empresa quanto para sua base de usuários. O incidente ganhou destaque após uma reportagem da rede de televisão britânica Channel 4, que revelou aspectos preocupantes relacionados à segurança das crianças na plataforma.
        A investigação da Channel 4 descobriu a existência de conversas de natureza sexualmente explícita, perversa e pornográfica dentro do jogo, levantando sérias preocupações sobre o comportamento predatório e a exposição de menores a conteúdos inapropriados. Este achado alarmante provocou uma reação imediata tanto do público quanto dos parceiros comerciais do Habbo Hotel.
        Como consequência direta do escândalo, importantes hipermercados decidiram interromper a venda de cartões-presente do Habbo Hotel. Esta decisão refletiu a gravidade das alegações e a preocupação crescente com a proteção das crianças online.
        O impacto do escândalo foi profundo para o Habbo Hotel. A plataforma sofreu uma perda significativa de sua base de usuários e teve que tomar medidas drásticas, incluindo o fechamento temporário do site e a implementação de um sistema de "silenciamento" dos usuários. Essas ações foram necessárias para abordar as falhas de segurança e restabelecer a confiança na comunidade online.
        O escândalo do Habbo Hotel em 2012 serve até hoje como um lembrete crucial da importância da segurança online e da proteção de menores em plataformas digitais. Também destaca a responsabilidade que as empresas de jogos online têm em garantir um ambiente seguro para seus usuários.
        Embora eu acredite que esse escândalo tenha produzido efeitos muito mais nos Habbo Hotéis de outros países do que aqui no Brasil, o fato é que isso afetou o jogo de uma forma global, imprimindo uma mancha permanente na reputação de um jogo que deveria ser um lugar seguro para todas as idades.
Habbo Pirata (HP):
Onde a diversão é gratuita

         Agora entramos num capítulo à parte. Imaginem a minha surpresa, lá por meados de 2009, quando descobri que seria possível usufruir de todas as coisas pagas do Habbo sem gastar um centavo. Quando joguei pela primeira vez um Habbo Pirata (HP), um mundo se abriu diante dos meus olhos. Lembro-me até hoje de ficar maravilhado com o fato de poder comprar o que eu quiser do catálogo, construir e decorar o que viesse à minha imaginação. Assim como em The Sims, a minha parte favorita no Habbo sempre foi me expressar através da decoração. Com os HPs, eu podia finalmente dar asas à minha imaginação, sem ter de gastar dinheiro real para que isso se tornasse realidade.
        Os Habbo Piratas nada mais são do que servidores clandestinos do Habbo, com a importante ressalva de que as moedas são gratuitas, o que faz toda a diferença. Todo aquele aspecto capitalista do Habbo original cai por terra. Ainda há, nos HPs, a economia de raros, bem como eventos e promoções que dão recompensas dentro do jogo, mas tudo isso sem fazer com que a diversão gire em torno do lucro da empresa que é proprietária do hotel. Por mais questionável que seja o aspecto legal da pirataria envolvida, o fato é que os Habbo Piratas permitem que TODOS os jogadores aproveitem as funcionalidades do jogo, não apenas aqueles jogadores que têm condições financeiras para arcar com os gastos em um jogo online. Ou seja, enquanto no aspecto jurídico os HPs são questionáveis, no aspecto ético, psicológico e social, eles dão de dez a zero no Habbo original, que sempre foi e continuará sendo mercenário por natureza.
        Essa vantagem de poder usufruir do Habbo Hotel sem gastar dinheiro fez com que os Habbo Piratas sempre fossem um tanto populares, desde a época de ouro até os dias de hoje. No Orkut, havia comunidades gigantescas dedicadas a Habbo Pirata. Por coincidência ou não, eu tive o privilégio de ser moderadora da maior delas, que tinha mais de 65 mil membros, e também da maravilhosa HPCS (que ensinava a criar o seu próprio HP), com quase 22 mil membros. (O print abaixo mostra essa comunidade maior lá por meados de 2011, numa versão mais atualizada do Orkut.) Foi uma época sensacional, o ápice do ápice, em que fiz a maior parte dos meus amigos virtuais e em que mais me diverti.

        Embora a época de ouro do Habbo original tenha ido até o ano de 2012, eu, assim como muitas outras pessoas, pulei fora do barco muito antes, tendo migrado para os HPs, que eram incontáveis: Habby, Habbi, Hab, Habblet, Habbinfo, Hapixel, Habinc, Habbobaloo e muitas outras variações para além da imaginação. Em muitos desses, tive o privilégio de fazer parte da Equipe Staff como Gerente (Administrador), promovendo eventos, organizando o catálogo de raros, fazendo recrutamento e seleção da equipe de Moderadores e assim por diante. Como eu disse, essa foi a melhor época de todas, a época de ouro da época de ouro. Por mais que nos HPs houvesse uma quantia muito menor de usuários, era sempre uma experiência muito mais divertida do que jogar o Habbo original, que, mesmo antes de entrar em declínio, já era um ninho de jogadores tóxicos e narcisistas.
        A época dos HPs foi tão especial para mim que, em 2016, anos após eu já ter parado de jogar Habbo, voltei a compor a Equipe Staff de um Habbo Pirata chamado Bobba Hotel, junto ao Vitor V. e ao Igor L., que, assim como eu, nutrem até hoje a nostalgia de pixels em seus corações. Com as suas habilidades incríveis, esses dois amigos programadores conseguiram produzir, em 2018, uma versão do jogo muito melhor que a do hotel original. Porém, como tudo que é bom dura pouco, eventualmente acabamos fechando esse hotel também, deixando um legado de boas memórias.
        Em 2021, conheci um HP gringo chamado Classic Habbo, criado por um programador bastante antipático, porém profundamente talentoso chamado Alex / Quackster. Apesar de não ser brasileiro, esse hotel era tão fiel à nostalgia (com uma versão do jogo perfeitamente clássica, algo que já não existia mais no original há muitos anos) que abrigava jogadores do mundo inteiro, inclusive vários brasileiros. Em nome da nostalgia, acabei me apegando a esse hotel, jogando-o esporadicamente, alimentando a minha criança interior. Infelizmente, em 2022, o indigesto Alex resolveu dar fim a esse projeto, que durou quatro anos, dizendo: "A verdade é que nunca quis gerenciar um hotel, este originalmente abriu como um hotel de teste para o meu emulador chamado Havana. É hora de dizer adeus." E, com isso, morreu esse grandioso projeto de revitalização da memória do Habbo clássico.
        Por sorte, nem tudo está perdido. Existe um site muito antigo, em pé até hoje, chamado Find Retros, que mostra os Habbo Piratas que ainda estão online, classificando do mais votado para o menos votado. Não por coincidência, o HP mais votado atualmente (em Nov/23) é o Habboon, que foi criado em 2013 e, desde então, vem se revelando como o HP moderno de melhor qualidade da atualidade
       Infelizmente, o Habboon também teve de abandonar o Flash Player. Sendo assim, se você quiser jogar um hotel raiz, eu recomendo o Habbo BZ e o Puomi, que realizam a impressionante proeza de conservar o Habbo clássico na sua essência, ou seja, na versão em Shockwave, com todos os mini jogos mencionados, ao preço de serem quase vazios de usuários. E o maior motivo de serem hotéis semiabandonados é justamente a falta de acessibilidade: como os navegadores modernos não suportam Shockwave, é preciso jogar utilizando um navegador que suporte, como o Basilisk. Garanto que vale a pena, apesar do hotel vazio. Embora, em termos de sociabilidade e modernidade, a melhor opção seja, de fato, o Habboon.
De volta ao Habbo original:
O que sobrou?
        Hoje em dia, Habbo se tornou um nicho muito específico — uma expressão que, aliás, pode ser considerada pleonasmo. O jogo não caiu no completo esquecimento; no entanto, transformou-se em algo que traz enorme decepção e até mesmo certo luto para aqueles que vivenciaram os tempos de ouro. Como disse o youtuber @PescoçoFino: "A Sulake excluiu quase tudo que tinha de bom nesse jogo, que agora virou um limbo." Assim, ao falarmos de Habbo Hotel, referimo-nos a duas realidades distintas: o jogo atual — o que restou do Habbo clássico e, claro, o que foi construído depois sobre essa base, habitado pelos jogadores atuais — e o Habbo clássico em si, autêntico em sua nostalgia implacável, que sempre estará no coração daqueles que, como eu, viveram essa era e que guardam inúmeras memórias, boas e ruins, do jogo. A questão principal é que, muito provavelmente, a grande maioria dos jogadores atuais não tem a menor ideia do que o Habbo costumava ser — e do que deveria ser. Esse é um dos principais motivos para eu estar escrevendo esta extensa análise: para dar a minha singela contribuição ao que o Habbo, em sua época de ouro, representou para mim e para milhões de pessoas ao redor do mundo.
       Antes de escrever essa análise, abri um formulário para entrevistar pessoas aleatórias que jogaram Habbo na época de ouro. 100% dos entrevistados concordam que "hoje em dia o Habbo é uma distante sombra do que já foi". Viu como não é apenas a minha opinião, mas o consenso geral? Além disso, do total de entrevistados, 77,8% afirmam que o que tornava o Habbo clássico tão especial eram os jogadores, os mini jogos e os emblemas; essa mesma porcentagem dos entrevistados afirma que o Habbo entrou em declínio por aqueles três motivos já mencionados: a demissão dos gerentes humanos, o fim do Flash Player e a ganância da Sulake por lucro a qualquer custo.
        Para fechar com chave de ouro, deixo aqui alguns dos melhores comentários desses entrevistados, que expressam tudo o que o Habbo representou para nós na infância e o quanto o jogo se perdeu.
@Woggy: "O Habbo de 2010 impactou demais a minha infância. Queria muito que voltasse aquela época: auge da Habbid, trocas ainda sendo valorizadas, entre várias outras coisas."
@Yanzinho!@: "Habbo foi um marco na minha infância. Nos meus 12/13 anos, eu adorava entrar de manhã e jogar esse jogo maravilhoso."
@reevesc1986: "Conheci um amigo habbo em 2002, no hotel, quando tinha 15 anos. Ainda conversamos todos os dias hoje. Hoje tenho 36 anos."
@atekyoKen: "Tanta saudade. Eu jogava Habbo 24 horas por dia, 7 dias por semana. Comecei a jogar em 2006 e parei em 2011. Saudades desses dias em que a vida era mais simples!"
Conclusão:
Nostalgia eterna
        Levei quase um mês para escrever esta análise. Nesse processo, fui levado a revisitar todas essas memórias e a perceber o quão importante o Habbo Hotel foi na minha vida. Longe de ser um simples passatempo, o Habbo foi um universo paralelo onde pude aprender, crescer como pessoa e me descobrir. Cada interação que tive dentro do jogo me preparou para a vida real, de uma forma ou de outra. Cada conversa, em cada quarto virtual, foi uma lição sobre as interações humanas.
        O Habbo também teve um impacto importante no processo de autoaceitação da minha sexualidade. Lá, eu podia ser quem eu quisesse, sem os julgamentos e limitações do mundo físico. Assim, tive o privilégio de encontrar, no Habbo Hotel, um refúgio virtual onde eu podia ser verdadeiramente eu: um adolescente que estava se descobrindo e se aceitando.
        Até mesmo a escolha de Curitiba (PR) como a cidade na qual eu fui morar para fazer faculdade foi influenciada fortemente pelo Habbo. Não há como contar essa história sem mencionar os inúmeros amigos que fiz ao longo dessa jornada. Eles me ensinaram qual é o verdadeiro valor da amizade, que deve ser sempre baseada no respeito, na aceitação e no acolhimento. Na maior parte do tempo, esses amigos "virtuais" construíram conexões muito mais verdadeiras do que aqueles que conheci na vida real. Isso mostra que não podemos subestimar o poder da internet.
        Ao fim, fica evidente que o Habbo Hotel foi muito mais do que um jogo. Foi um capítulo fundamental na minha história. Através dele, desenvolvi habilidades sociais, aprendi a me aceitar e a fazer amizades genuínas. Aprendi linguagens de web design, que utilizo até hoje aqui no blog, e, enfim, encontrei direções para a vida real. Esse universo virtual de pixels não só foi um marco na minha adolescência, como também me ajudou a construir os alicerces para quem sou hoje. Por tudo isso, sou eternamente grato, e tenho apenas a lastimar o declínio de um jogo que, um dia, foi tão especial.
Habbo Origins: o retorno oficial à essência
(e uma grande jogada de marketing)
        Em 2024, a Sulake (ou melhor, Azerion, que hoje comanda tudo) deu um passo inesperado, quase como um presente atrasado para nós, os veteranos do Habbo Hotel. Depois de anos de mudanças que pareciam desviar o jogo do que ele realmente representava, eles finalmente resolveram olhar para trás e valorizar a essência que conquistou tantas pessoas. O resultado disso? Habbo Origins, uma recriação quase cirúrgica do jogo como ele era em 2006. E isso não é só mais uma atualização, mas um verdadeiro tributo à comunidade que viu o Habbo florescer, aquela galera que viveu os quartos públicos e a estética pixelada da era Shockwave.
        O projeto foi conduzido por Macklebee, um dos membros mais antigos da equipe, que se tornou uma espécie de guardião da nostalgia. Tudo começou quando ele encontrou arquivos antigos de um servidor perdido, o que deu início a um processo de restauração de seis meses. Foi quase como desenterrar um tesouro esquecido. Ele não só recriou o jogo, mas também se aproximou da comunidade, buscando feedback e participando dos eventos, com o objetivo de capturar o encanto do Habbo de outrora. Isso fez com que, pelo menos por um breve momento, sentíssemos que aquela magia dos velhos tempos estava voltando.
        Porém, por mais que o Habbo Origins acerte em cheio na nostalgia, a realidade é que ele não consegue reviver a comunidade vibrante dos anos dourados. Os hotéis estão frequentemente vazios, e a dinâmica social que fez o Habbo ser o que era já não existe da mesma forma. Nós, que um dia passávamos horas decorando quartos e jogando minigames, agora temos outras responsabilidades. A vida mudou, e o tempo para passar horas no jogo já não é o mesmo.
        Ainda assim, é inegável que a proposta atinge em cheio o coração de quem esteve lá. É a Sulake finalmente reconhecendo a importância de nós, os jogadores que tornaram o Habbo o sucesso que foi entre 2006 e 2012. Mesmo que, no fundo, saibamos que esse retorno às origens também é uma grande jogada de marketing — afinal, a monetização continua firme, com itens pagos e créditos —, é impossível não reconhecer que ver o jogo sem as modernizações dos últimos anos é uma vitória. 
O Habbo Origins é, para muitos de nós, mais do que um simples jogo. É como abrir uma cápsula do tempo. Mesmo com servidores quase vazios e uma comunidade menor, a sensação de voltar àquele espaço seguro e familiar é incomparável. Para mim, o Origins não é só um retorno ao passado, mas um lembrete do quanto aqueles pixels significaram e ainda significam.

NOTA:
9
/10
(Considerando apenas o Habbo clássico e os HPs)