sábado, 18 de maio de 2024

Mortal Kombat (Trilogia Clássica)


O ano era 2004. Para ser mais específico, 3 de janeiro, o primeiro sábado do ano. Minha família havia sido convidada para um churrasco, presumivelmente pós-Ano Novo, na casa de um amigo do meu pai, um tal de Zago. Era o típico churrascão brasileiro de classe média, reunindo amigos e familiares, fartura de carne e cerveja, um almoção com arroz e vinagrete, churrasqueira improvisada, música alta e conversas mais altas ainda. Não era exatamente a minha praia – eu tinha apenas 7 anos (embora, na minha cabeça, isso já fosse muito).
Enquanto o churrascão à moda brasileira rolava lá fora, no quintal de concreto, eu ficava dentro da casa, junto ao filho do tal Zago, que tinha uma idade bastante próxima da minha. Quando vi o que ele tinha no quarto, o churrasco passou a valer a pena. Adivinhem o que era. Um videogame, o Sega Genesis. Também conhecido como Sega Mega Drive, esse era um console que, no Brasil dos anos 90, era um competidor direto do famosíssimo Super Nintendo. Embora houvesse uma intensa rivalidade entre esses dois videogames, a verdade é que essa foi a primeira e última vez que vi, com meus próprios olhos, um Sega Genesis, enquanto o SNES era uma febre. Como a minha realidade sempre foi a de uma criança de classe média, esse tipo de videogame dos Anos '90 só ficou acessível para nós na primeira metade dos Anos 2000.

De todo modo, é aqui que essa contextualização pretendia nos trazer: embora aquele console preto fosse algo novo e desconhecido para mim, o jogo que o filho do Zago colocou para jogarmos era um game bastante familiar: nada mais, nada menos que Ultimate Mortal Kombat 3, provavelmente o MK mais icônico da história dos jogos. Essa é a memória mais vívida que tenho dessa época, quando a internet ainda estava engatinhando, a vida era mais simples e havia muita união familiar. É a época de TV Globinho, Dragon Ball Z, Cavaleiros do Zodíaco, Jackie Chan... Como sempre digo nas análises aqui do blog, só sabe o peso da nostalgia quem de fato esteve lá, vivenciando tudo isso, sabendo hoje que é um tempo que não volta mais.
Mas, sim, retornando a esse engatinhar da Mortal Kombat (feito em 16-Bits, também conhecido como a 4ª geração dos consoles): há também outra memória, essa um pouco mais turva, de eu colocar os olhos, pela primeira vez, no Mortal Kombat [1] de Super Nintendo. Esse jogo, que posso tranquilamente classificar como o MK mais arcaico que já joguei, é uma releitura do "Mortal Kombat" original, lançado nos arcades, que deu início à franquia. Ele é bem rudimentar e limitado, mas tem uma atmosfera e uma sonoplastia impecáveis, o puro creme da nostalgia dos Anos '90. Isso também aconteceu na casa de um amiguinho de infância, o que reforça a minha tese de que, antigamente, na falta de computadores e smartphones, os videogames eram a verdadeira pérola tecnológica dos lares brasileiros.
Os churrascos de família eram mais do que apenas uma refeição; eram eventos onde se compartilhavam histórias, risadas e momentos preciosos. Enquanto os adultos se reuniam em torno da churrasqueira, discutindo sobre futebol e política, nós, crianças, encontrávamos refúgio nos videogames ou se aventuravam em brincadeiras no quintal. Esses momentos de diversão simples e despretensiosa são uma lembrança doce de uma infância livre e descomplicada, numa época em que os smartphones ainda eram raríssimos.
Agora, adentremos na história e no legado da saga Mortal Kombat dos Anos '90. Vejamos o que nos ensina a Inteligência Artificial após uma profunda busca na internet:
A história do Mortal Kombat nos anos 90 no Brasil e em todo o mundo é marcada por sua inovação no gênero de jogos de luta, introduzindo um nível de violência e realismo gráfico que mudou a indústria dos videogames. Mortal Kombat nasceu da influência dos filmes de ação dos anos 80, trazendo para o universo dos jogos uma combinação de artes marciais e fantasia com um detalhe que se tornaria sua marca registrada: os Fatalities, movimentos finalizadores extremamente violentos. Essa característica, além de sua jogabilidade e gráficos digitalizados realistas, não apenas estabeleceu Mortal Kombat como um dos jogos de luta mais influentes, mas também contribuiu para a criação do sistema de classificação de jogos ESRB*, em resposta à preocupação pública com o conteúdo violento dos jogos. [*Organização americana que analisa, decide e coloca as classificações etárias indicativas para jogos eletrônicos.]
Nos anos 90, com a popularização dos videogames domésticos e a tecnologia de gráficos avançada, Mortal Kombat encontrou um público maior, e sua chegada provocou debates sobre a influência da violência dos videogames nos jovens. A polêmica em torno do jogo nos Estados Unidos, particularmente após a declaração do senador Joseph Lieberman sobre a violência explícita do jogo, levou à criação do sistema de classificação de videogames pela ESRB, destinado a informar os pais sobre o conteúdo dos jogos. Apesar das controvérsias, a franquia Mortal Kombat continuou a crescer, inovando com cada lançamento e expandindo seu universo com filmes, séries animadas e merchandise.
 Com toda certeza, o legado deixado pela trilogia Mortal Kombat clássica nos Anos '90 e 2000 deixou uma marca permanente na cultura dos videogames, sendo lembrada e reverenciada não apenas pelos seus avanços técnicos e artísticos, mas também pelo impacto cultural e social que provocou.
Agora, vamos a uma análise pessoal e subjetiva, minha, da forma como eu, pessoalmente, entendo e situo cada um dos jogos da trilogia.
Mortal Kombat 1 (SNES):
O Início de Tudo
Mortal Kombat 1 é o mais rudimentar de todos, e acredito que foi ali que a semente de Mortal Kombat foi plantada, embora o jogo seja originalmente de arcade. Foi nesse jogo que Mortal Kombat realmente começou. É rudimentar no sentido mais puro da palavra; é básico e carece de muitos recursos, mas já apresenta uma essência marcante, na estética. A sonoplastia de Mortal Kombat 1 é impressionante, com uma trilha sonora e efeitos muito característicos.
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Mortal Kombat 2 (SNES):
Aprimoramento e Evolução
Mortal Kombat 2, por sua vez, é, na minha opinião, o primeiro Mortal Kombat completo. Considero o Mortal Kombat 1 um rascunho, uma primeira tentativa, para o que viria a ser Mortal Kombat 2. Este jogo contém a essência de Mortal Kombat e, ao mesmo tempo, apresenta resultados satisfatórios. A qualidade dos cenários é impecável, oferecendo uma imersão visual que o primeiro jogo não conseguia alcançar. A trilha sonora, em especial, deu um salto de qualidade inacreditável. Apesar do nível de dificuldade contra a máquina ser bastante elevado, Mortal Kombat 2 trouxe uma evolução significativa para a série.
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Ultimate Mortal Kombat 3 (SNES & SEGA MD):
O Ápice da Série Clássica
A dificuldade de jogar Mortal Kombat, especialmente o Ultimate Mortal Kombat 3, é extrema, ainda maior do que no segundo jogo da série. Além disso, ele se destaca pela complexidade e pelos gráficos impressionantes para a época, que me lembram o design isométrico de The Sims 1. Na minha análise de The Sims 1, mencionei que seu gráfico isométrico o torna eterno – ele não envelhece, é perfeito na sua isometria. Da mesma forma, os gráficos de Ultimate Mortal Kombat 3 permanecem como um marco visual, representando o ápice gráfico da época. Em contrapartida, os gráficos de Mortal Kombat 1 e 2 envelheceram rapidamente, embora contenham a essência do que viria a ser alcançado em Ultimate Mortal Kombat 3. Para mim, Ultimate Mortal Kombat 3 é o principal jogo de toda a franquia clássica, sendo essa a única parte da franquia sobre a qual posso falar com propriedade.
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Os personagens também são uma parte essencial do que torna a franquia Mortal Kombat tão especial. Cada um dos ninjas, especialmente Sub-Zero e Scorpion, traz uma identidade única ao jogo. Além deles, temos heróis icônicos como Kung Lao, Liu Kang e Raiden, que são fundamentais para dar alma à narrativa e à experiência de jogo. A diversidade de personagens, com suas histórias e habilidades distintas, enriquece o universo de Mortal Kombat e nos cativa de forma duradoura e singular.
Os outros ninjas, como Smoke, tanto na sua versão humana quanto robótica, e Reptile, adicionam camadas de complexidade ao enredo. Os personagens cibernéticos como Cyrax e Sektor trouxeram um elemento futurista e inovador. E não podemos esquecer do enigmático Noob Saibot, que mais tarde fez uma dupla icônica com Smoke em Mortal Kombat: Deception.
As personagens femininas, como Kitana e Mileena, além de Sonya e Sindel, já estavam presentes desde a década de 90. Embora fossem estereotipadas e objetificadas em certa medida, sua presença era significativa e adicionava diversidade ao elenco, mostrando que Mortal Kombat estava à frente de seu tempo.

Entretanto, nem tudo são flores. Uma crítica central que quero aqui destacar, e que permeia não apenas a trilogia clássica, mas a franquia Mortal Kombat como um todo, é a questão da difícil mobilidade e da sensação de movimento rígido dos personagens. A falta de tridimensionalidade é um problema que acompanha quase todos os jogos da série. Desde os primeiros títulos, aqui analisados, até os lançamentos mais recentes, a mobilidade dos personagens é mais ou menos restrita, resultando em combates que normalmente parecem truncados, o que já foi naturalizado e aceito por aqueles que amam a franquia.
Essa falta de mobilidade cria uma dificuldade adicional, especialmente ao jogar contra a máquina, que possui um tempo de resposta muito menor do que o nosso como seres humanos. A rigidez dos movimentos faz com que seja três vezes mais difícil enfrentar os oponentes, dificultando a experiência de jogo.
Em relação a essa limitação rígida à jogabilidade, a exceção mais notável dentro da franquia é Mortal Kombat: Shaolin Monks, que conseguiu implantar uma mobilidade verdadeiramente fluida, oferecendo uma experiência de jogo única e imersiva. Além disso, o modo Konquest, presente em alguns dos jogos da franquia MK, também quebra a regra da falta tridimensionalidade, embora, nesse caso, ela não se aplique ao combate.
A introdução da tridimensionalidade na franquia Mortal Kombat começou a ser efetivamente implementada a partir de Mortal Kombat 4, lançado para PlayStation 1, que trouxe uma semi-tridimensionalidade aos combates. Essa mudança representou um passo significativo para a série, mas ainda não foi suficiente para superar completamente a sensação de movimento rígido, o que foi feito somente em Shaolin Monks.
Por fim, embora Mortal Kombat tenha revolucionado o gênero dos jogos de luta e tenha um legado inquestionável, a questão da mobilidade limitada é um ponto crítico que sempre esteve presente na série, afetando a jogabilidade e a experiência do jogador.
Concluir essa viagem nostálgica é reconhecer que cada versão de Mortal Kombat tem seu próprio lugar especial na evolução da série e na memória dos jogadores. Mortal Kombat 1, com sua simplicidade e essência sonora, plantou a semente; Mortal Kombat 2, com seus cenários impressionantes e jogabilidade refinada, consolidou a base; e Ultimate Mortal Kombat 3, com sua complexidade e apelo global, eternizou a franquia. Cada jogo, com suas características únicas e momentos inesquecíveis, compõe um legado que transcende gerações.
Revisitar esses jogos é como abrir um baú de memórias, onde cada partida traz de volta uma época em que a vida era mais simples e os jogos eram um portal para mundos de fantasia e aventura. A estética e a sonoplastia de Mortal Kombat incorporam a nostalgia de formas inexplicáveis, criando uma conexão emocional que vai além do simples ato de jogar.
Para mim, a trilogia clássica de Mortal Kombat é o verdadeiro Mortal Kombat. Tudo que veio depois foram apenas evoluções, algumas bem-sucedidas, outras nem tanto. Mas é essa trilogia que captura a essência da série, a magia daqueles tempos e a simplicidade que fez dos jogos uma parte tão importante da minha vida. Mortal Kombat não é apenas uma série de jogos; é uma viagem nostálgica que nos lembra de onde viemos e como esses momentos moldaram nossa paixão pelos videogames.
NOTA:
7,5
/10

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Fruitger Aero


O que acontece quando misturamos um olhar esperançoso sobre o futuro com um toque nostálgico dos anos 2000? Surgem tendências como o Frutiger Aero, uma estética que traduz otimismo em forma de luz, cor e texturas encantadoras. Vamos explorar essa ideia que é puro frescor visual.

Essa estética nasceu em um momento muito específico da história: o início do novo milênio. Naquela época, havia uma empolgação no ar — o futuro parecia promissor, quase tangível. Dentro desse contexto, o Frutiger Aero apareceu como um reflexo desse otimismo, com seu brilho elegante, paletas aquáticas e uma vibração acolhedora que parecia dizer: “Sim, o amanhã será incrível!”

Mas por que, de tempos em tempos, o Frutiger Aero volta ao nosso imaginário? Talvez seja porque ele carrega consigo uma espécie de saudade de um tempo em que acreditávamos que tecnologia e natureza poderiam caminhar de mãos dadas. É quase um lembrete de como imaginávamos um futuro harmonioso e cheio de possibilidades.

No design de hoje, que muitas vezes abraça o minimalismo, o Frutiger Aero é como uma explosão de vitalidade. Ele se afasta da simplicidade absoluta, preferindo um maximalismo leve, onde brilho e cor se combinam de forma quase poética. Não é só estética, é uma declaração de otimismo. Não à toa, empresas modernas têm resgatado essa vibe para transmitir ideias de sustentabilidade e inovação tecnológica.

Lembra do charme do Windows Vista ou daqueles papéis de parede que pareciam capturar a essência da natureza em alta definição? Esse é o coração do Frutiger Aero: uma fusão de aventura e familiaridade, onde elementos naturais e digitais coexistem em perfeita harmonia. Ele nos envolve como uma brisa fresca no meio do caos contemporâneo.

No TikTok, o Frutiger Aero está em alta! Sua influência aparece em designs inspirados em dispositivos do início dos anos 2000, mas também em representações futuristas que não deixam de ser calorosas e humanas. Esse estilo prova que design pode ser tanto funcional quanto acolhedor.

Mais do que um conjunto de cores e formas, o Frutiger Aero carrega uma mensagem poderosa: a de que é possível sonhar com um futuro onde tecnologia e humanidade não são forças opostas. Num mundo que, muitas vezes, parece perdido em complexidades, ele nos convida a simplificar, a reencontrar a beleza e o otimismo em coisas que antes dávamos como certas.

Quer experimentar um pouco dessa energia no seu dia a dia? Que tal trocar o papel de parede do seu computador por algo que misture o natural com o tecnológico? Ou talvez adotar acessórios em cores vibrantes que capturem essa vibração? Designers e marcas também podem mergulhar nesse universo, criando experiências visuais que evocam nostalgia e inovação em igual medida.

Exemplos emblemáticos como o MSN Messenger ou os famosos abajures aquáticos são memórias vivas dessa estética. Eles encapsulam uma era em que a conexão e o design eram mais do que funcionais — eles tocavam algo mais profundo, algo que nos fazia sentir parte de algo maior.

O Frutiger Aero é, no fundo, um lembrete de que sonhar com um futuro mais colorido e otimista nunca sai de moda. Ele nos desafia a imaginar e a criar algo que não só funcione, mas também inspire e transforme.