Worlds
No vasto e enigmático universo dos jogos digitais, existem títulos que se destacam não apenas pela jogabilidade ou gráficos, mas pelo mistério que os envolve. Esses jogos, muitas vezes chamados de abandonware ou lostware, são verdadeiras relíquias esquecidas de uma era digital que já passou, guardando dentro de si segredos não contados, histórias que se perderam no tempo e uma atmosfera peculiar que só quem se atreve a explorá-los pode compreender.
Worlds, lançado em 1995, é um desses exemplos. Mais do que um simples jogo, ele é uma cápsula do tempo, um portal para uma internet que já não existe mais. Criado originalmente como parte de um projeto visionário, ele sobrevive até hoje, praticamente inalterado, oferecendo uma experiência que mistura nostalgia com uma estranha sensação de inquietação. Há algo de melancólico em navegar por seus mundos, como se estivéssemos explorando uma cidade fantasma digital, onde cada canto pode revelar uma construção monumental ou um NPC solitário, vestígios de uma era de ouro que já passou.
Explorar Worlds é desbravar os confins de um mundo digital abandonado, onde o tempo parece ter parado e cada canto esconde uma nova surpresa ou um vestígio de um sonho tecnológico que nunca se concretizou totalmente. Este é o fascinante mundo dos jogos esquecidos, onde Worlds se destaca como um verdadeiro enigma a ser descoberto, com seus segredos e histórias escondidas esperando para serem desenterrados, uma espécie de arqueologia virtual.
O Worlds está online desde 1995, e apesar de ter sido praticamente abandonado há muitos anos, sobrevive como uma cápsula do tempo da internet dos anos 90. Como um precursor do Second Life, o Worlds é uma plataforma onde os jogadores podem explorar milhares de mundos criados por outros usuários. Muitos desses mundos estão vazios ou são secretos, aguardando para serem descobertos por aqueles que se aventuram. Nesses espaços, você pode encontrar desde cidades gigantescas até estranhos cultos digitais, como o suposto culto, que, embora tenha sido desmascarado como um mito, ainda alimenta a imaginação daqueles que se atrevem a explorar os lados mais sombrios do jogo. Falaremos disso já já.
A comunidade que ainda frequenta o Worlds é pequena, composta por um punhado de veteranos que permanecem desde os anos 90, muitos dos quais ajudaram a transformar essa relíquia em um estranho espaço de experimentação social e digital. A persistência desses poucos jogadores em manter vivos seus mundos digitais, mesmo décadas após o auge do jogo, confere ao Worlds um status quase mítico entre os exploradores do passado digital.
A história do suposto culto no Worlds gira em torno de uma figura misteriosa conhecida como Nexialist. A partir de fóruns como 4chan e de vídeos no YouTube, surgiram rumores de que ele liderava um culto sinistro dentro do jogo, onde atraía novos jogadores para áreas repletas de símbolos satânicos e mensagens perturbadoras. A lenda conta que ele suspostamente guiava os jogadores para ambientes assustadores, transmitindo sons bizarros, como animais agonizando, e usando um avatar sinistro que alimentava ainda mais o mistério. Para muitos, essa narrativa parecia ser o cenário perfeito de uma história de horror virtual, especialmente em um jogo já marcado por sua atmosfera inquietante e melancólica.
Conforme a lenda crescia, Nexialist passou a ser considerado uma figura mítica, com teorias sugerindo que ele usava o jogo para liderar um culto na vida real. Os jogadores mais antigos inventavam relatos de que Nexialist possuía o poder de hackear o jogo e fazer com que os jogadores digitassem coisas sem que percebessem. Essa história contribuiu para a criação de um submundo dentro do Worlds, onde os rumores sobre cultos, satanismo e atividades estranhas se espalharam, gerando um fascínio mórbido entre os curiosos que queriam explorar essas lendas por conta própria. Muitos blogs e vídeos da comunidade até hoje mantêm viva a mística em torno de Nexialist. Talvez seja exatamente isso que ainda leve centenas de internautas a se cadastrarem no jogo todos os meses, em busca do mistério.
No entanto, ao aprofundar a investigação, a maior parte dessas histórias foi desmascarada como meros mitos urbanos. O fato é que não há quaisquer evidências concretas de que Nexialist ou qualquer outro jogador esteja envolvido em cultos reais ou atividades ilegais. Na realidade, parece que Nexialist era apenas um jogador que gostava de pregar peças assustadoras nos novos exploradores do Worlds, criando um ambiente sombrio como parte de uma performance. Embora tenha gerado muitos rumores, ele mesmo já negou a existência de qualquer culto, e análises mais detalhadas sugerem que seu objetivo era apenas assustar os jogadores e ganhar notoriedade na internet. Essas lendas são parte da rica mitologia que os próprios jogadores criaram ao longo dos anos, contribuindo para o fascínio contínuo em torno do Worlds.
Originalmente, o jogo teve início como parte de um projeto chamado Starbright World, desenvolvido para ajudar crianças com deficiência a interagirem online. No entanto, com o passar dos anos, essa utopia digital foi corrompida por elementos mais sombrios, incluindo mundos gerados com conteúdo bizarros ou até mesmo pornográficos (embora esses últimos sejam mundos privados).
O criador e atual proprietário do Worlds, Thom Kidrin, é uma figura conhecida no mundo dos negócios, principalmente por sua reputação como um "troll de patentes". Ele mantém o Worlds ativo não apenas por nostalgia, mas também para reforçar sua posição em disputas legais sobre patentes de tecnologias de ambientes 3D. Esses processos são sua principal fonte de renda, mantendo o Worlds funcionando enquanto ele busca indenizações de gigantes da tecnologia como Blizzard e Linden Lab.
Entretanto, Kidrin parece alheio ao que realmente se passa dentro do Worlds. A plataforma, que um dia foi um símbolo de esperança digital, se transformou em um local de supostos "cultos" virtuais e submundos escuros, onde a linha entre ficção e realidade se torna perigosamente tênue.
Há rumores de que Kidrin, ou alguém próximo a ele, pode estar por trás de figuras notórias como Nexialist, mas essas teorias são difíceis de confirmar e, na maioria das vezes, parecem não passar de lendas urbanas alimentadas pela imaginação dos jogadores. Independentemente disso, o Worlds continua a ser um exemplo impressionante de como o tempo pode parar em uma parte esquecida da internet, deixando para trás um rastro de mistério e nostalgia que ainda fascina aqueles que ousam explorar seus confins.
NOTA:
6
/10