Habbo Hotel
O ano era 2007. Era quase Natal. Eu, com meus 11 anos à época, não imaginava que eu descobriria o jogo que mudaria minha vida para sempre. Mas vamos por partes; essa é uma longa história que envolve toda a trajetória do jogo, desde a sua criação até o seu atual declínio.
Sempre fui apaixonada por MMOs ("Massively Multiplayer Online" ou "Multijogador Online em Massa"), mas nunca tinha encontrado algum que fosse realmente a minha cara, um lugar digital ao qual eu pertencesse. O que mais chegou perto foi o "Clube Cheetos" (≈2004), que rapidamente desapareceu quase sem deixar vestígios, ao ponto de parecer ter sido um delírio coletivo. Por um tempo joguei, também, o "Zwinky" (2008 – 2016), um jogo bem desconhecido, que também desapareceu (embora este tenha deixado alguns vestígios e hoje exista até mesmo um remake feito por fãs)... Na falta de opções, tentei até mesmo jogar "Second Life" (2003 –), que existe até hoje, mas foi uma experiência bem decepcionante, provavelmente porque na época, por volta de 2011, o jogo já tinha passado de sua época de ouro (2006) e, portanto, já estava bastante capenga — como o próprio Habbo Hotel está hoje em dia (mas esse é um assunto para daqui a pouco). Já o "Club Penguin" (2005 – 2017), nem cheguei a tentar jogar, embora seja, de todas essas menções, provavelmente o mais famoso no Brasil.
O Habbo Hotel é um mundo virtual onde os usuários podem criar personagens, construir e decorar quartos, trocar de roupa sempre que desejarem, conversar com outros jogadores, realizar trocas de "mobis" (mobílias digitais), cuidar de animais virtuais, criar e jogar jogos, e completar missões, entre muitas outras atividades. Os jogadores podem explorar uma lista interminável de quartos, realizar tarefas, conversar e ganhar prêmios. Embora o jogo seja gratuito, alguns itens extras, como mobis normais e mobis raros, Habbo Clube, Clube do Arquiteto e mascotes, só podem ser adquiridos com Habbo Créditos (moedas), comprados com dinheiro real.O jogo tem um forte aspecto social, permitindo que os usuários façam novos amigos e participem de vários grupos de RPG criados por outros usuários, como hospitais, delegacias de polícia, exércitos e agências. É marcado também por flertes digitais, amizades duradouras, inimizades e histórias memoráveis.Originalmente, o Habbo foi criado em 1999 na Finlândia, como um projeto chamado "Mobiles Disco", para uma banda finlandesa. Em 2000, transformou-se no hotel virtual "Hotel Kultakala" (traduzido como Hotel Peixe Dourado). Em 2001, a versão beta do Habbo Hotel (internacional) foi lançada, com um sistema de créditos e recursos de comunidade e segurança. Desde então, expandiu-se para 31 países, em cinco continentes, reunindo usuários de mais de 150 nações.No Brasil, o Habbo Hotel chegou em fevereiro de 2006, tornando-se um dos hotéis mais populares e bem-sucedidos da Sulake, empresa que administra o jogo. Em 2020, celebrou 20 anos de existência, ano em que a Sulake foi adquirida pela empresa holandesa Azerion. O jogo também experimentou um aumento de usuários devido à pandemia da COVID-19. Em outubro de 2020, foi relatado que acumulou 316 milhões de avatares desde seu lançamento.
Havia uma série de mini jogos oficiais que tornavam o jogo muito especial. Isso na época em que o jogo rodava através da plataforma Adobe Shockwave, ou seja, antes de 2009. São eles, principalmente:
- BattleBall: uma competição de equipes para colorir quadrados no chão, contando com habilidades especiais. [📽️]
- SnowStorm: uma batalha de neve em equipes, envolvendo obstáculos e estratégias. [📽️]
- WobbleSquabble: um jogo de equilíbrio em boia, cujo objetivo é desequilibrar o adversário sem perder o próprio equilíbrio. [📽️]
- Trampolim: funcionalidade de saltar de um trampolim nas alturas, mantendo ritmo e precisão enquanto faz manobras em queda livre. [📽️]
- Trax Machine: ferramenta de criação musical, para compor e compartilhar músicas. [📽️] Inclusive, você pode ouvir as músicas trax que eu criei, clicando aqui [🎷🎧] ou até mesmo criar as suas próprias músicas trax [🎨🎼]!
- Câmera: dispositivo que capturava momentos em formato de foto (mobi de parede) em estilo sépia.
A melhor parte do dia era chegar da escola e correr para o computador para poder mergulhar no mundo de pixels, à época muito mais interessante que a vida real. Um lugar onde para conhecer pessoas, fazer novos amigos, montar quartos, participar de competições, enfim... Ter uma vida social ativa, muito mais divertida e mais segura do que a vida real, um recanto virtual longe do bullying e da desmotivação que eu vivia diariamente na escola pública. Habbo Hotel era, acima de tudo, um mundo à parte que valia a pena ser vivido.
Fora esse lado das amizades, o aspecto social do Habbo me serviu de simulador para que eu pudesse desenvolver minhas próprias habilidades sociais. Na vida real, eu era apenas uma nerd introvertida; no mundo virtual do Habbo, eu podia ser algo além: o que eu quisesse, o que eu conseguisse... Eu poderia ser eu mesma, ou a versão que eu inventasse de mim. Assim, de 2007 a 2012, tive uma intensa vida social online, em que aprendi a socializar, conversar, negociar, discutir, respeitar e nutrir amizades. Desenvolvi habilidades sociais que utilizo na vida real até hoje. Nesse sentido, não é um completo exagero afirmar que a minha vida não foi a mesma depois do Habbo Hotel. Sou grato à comunidade da época de ouro por ter me possibilitado crescer como pessoa.
Esse é um longo assunto que envolve múltiplos fatores. Não existe uma resposta única ou simples para explicar o que estragou o Habbo. Mas a Inteligência Artificial pode nos ajudar a começar a entender :
O declínio do Habbo Hotel é um tema complexo e controverso que envolve vários fatores internos e externos. Um dos maiores fatores que contribuíram para o seu declínio foi a demissão dos gerentes e moderadores humanos, que eram responsáveis por organizar eventos, moderar o jogo, interagir com os usuários e resolver problemas. Em 2012, a Sulake decidiu substituir os gerentes humanos por bots. Isso gerou insatisfação e revolta entre os jogadores, que se sentiram abandonados e desrespeitados pela empresa.Outro fator que afetou o Habbo Hotel foi o fim do suporte ao Flash Player em 2020, que era a plataforma usada para rodar o jogo desde 2009 (antes disso, era rodado na clássica plataforma Shockwave Player). Com o fim do Flash Player nos navegadores modernos, a Sulake teve de migrar o jogo para uma nova tecnologia chamada Unity. Devido a isso, muitos usuários reclamaram e rejeitaram a mudança no design e na jogabilidade. Com isso, houve uma perda gigantesca na identidade visual e cultural do jogo. Isso tudo, somado às más decisões e falta de investimento da Sulake, resultaram no declínio progressivo e irreversível do Habbo Hotel.Quanto aos fatores externos que contribuíram para esse declínio, o Habbo também enfrentou a concorrência de outros jogos online, que ofereciam mais recursos, diversidade e inovação, e que ficaram muito mais populares, como o "Roblox" (2006 –). Esses jogos atraíram muitos usuários que buscavam novas experiências e desafios, deixando o Habbo Hotel para trás.
Contudo, em termos de decisões empresariais que foram "tiros no pé", o maior erro da Sulake foi demitir os gerentes humanos. Sobre eles, aqui vai uma recapitulação: lá por 2006, havia os três primeiros gerentes do Habbo BR: Flecha, Mordomo e Paty-Nestle. Poucos chegaram a pegar essa época. (O Mordomo, aliás, era uma conta fake da própria Flecha.) Felizmente, para a conservação da memória Habbo, o youtuber @Emiseis (que infelizmente não está mais entre nós desde 2021) fez um vídeo muito relevante sobre esses gerentes pioneiros do Habbo brasileiro. Em 2008, eles partiram e deram lugar à segunda leva de gerentes: vieram à tona o famosíssimo 4Queijos, o carismático Disco-Lee e a MissFurby.
O fato é que essa equipe de Gerentes e Moderadores — que engloba o que chamamos de Habbo Staff — tinha um papel fundamental. Eles movimentavam a comunidade com eventos (jogos ao vivo), promoções (desafios de construção, pixel art ou enigmas), entrevistas com celebridades pop da época. Mais do que isso, eles zelavam pela segurança dos usuários, garantindo que a Habbo Etiqueta (as regras do jogo) fossem seguidas — aplicando as devidas sanções (diferentes modalidades de banimento) a depender da gravidade das violações. Ou seja, a Equipe Staff, os funcionários do hotel, eram adultos pagos para manter a ordem e a diversão. Em 2012, a Sulake, lá na Finlândia, achou que seria uma boa ideia demitir todos eles e substituí-los por bots. O que poderia dar errado? O objetivo era corte de gastos e automação; na época, foi reportado que se tratava de uma nova "estratégia de negócios": a demissão massiva do quadro de funcionários e o fechamento dos escritórios nacionais ao redor do mundo. O fim do Flash foi compreensível, já que se tratava de uma imposição tecnológica dos navegadores modernos, porém, essa demissão dos gerentes foi um grande empurrão que a empresa deu para que o Habbo fosse arremessado ladeira abaixo, até chegar à decadência na qual se encontra hoje.
Bom, embora esses dois fatores fatores tenham pesado muito para a queda do Habbo, há também outros dignos de nota: o fator capitalista e o fator de segurança. Sobre isso, trago abaixo um resumo do maravilhoso vídeo "A Glória e a Queda de Habbo Hotel", do youtuber Bruno Rataque:
O Habbo Hotel, um jogo que fez parte da infância e adolescência de muita gente, marcou gerações. A versão brasileira do Habbo Hotel foi lançada em 2006 e bateu recordes de usuários, com mais de 69.000 jogadores online em um único momento.
No entanto, ao longo dos anos, a Sulake, a empresa por trás do jogo, começou a tomar decisões que desagradaram os jogadores. Mudanças nas políticas de moderação e a remoção de administradores e moderadores humanos levaram a problemas de segurança e abuso no jogo. Além disso, o jogo enfrentou desafios relacionados à economia interna, inflação e a presença de agências de trabalho que muitas vezes envolviam esquemas fraudulentos.
A partir de 2011, a Sulake fez mudanças questionáveis, como o aumento das taxas. A comunidade tentou protestar, mas as mudanças continuaram. A empresa concentrou seus esforços em monetizar [ainda mais] o jogo, o que afetou a experiência dos jogadores negativamente.
Em 2012, um escândalo envolvendo a segurança de crianças no jogo atraiu atenção negativa da mídia. Isso afetou a reputação do Habbo Hotel e levou a perdas significativas de jogadores.
Ainda dentro do tema "economia interna", essa é outra coisa que a Sulake conseguiu estragar. Antigamente, havia uma primorosa economia de raros: eles eram muito difíceis de conseguir. Ser capaz de comprar, trocar ou vender um raro era uma conquista digna de comemoração. Muita gente fez sua riqueza em cima disso, montando coleções impressionantes ou lojas prestigiosas dentro do jogo. Hoje em dia, por outro lado, a economia de raros reflete a abordagem comercializada da Sulake, que se importa muito mais com quanto dinheiro entra em conta do que com o quão especiais são os raros. Não há mais aquela noção de algo exclusivo, de prestígio; os raros deixaram de ser raridade e se tornaram, simplesmente, mobílias de pura ostentação: muito caros, mas não necessariamente algo escasso. Isso também vale para os emblemas, que antigamente eram super especiais, enquanto hoje em dia não se pode dizer o mesmo.
Já sobre o escândalo de segurança em 2012, a I.A. nos explica:
Embora eu acredite que esse escândalo tenha produzido efeitos muito mais nos Habbo Hotéis de outros países do que aqui no Brasil, o fato é que isso afetou o jogo de uma forma global, imprimindo uma mancha permanente na reputação de um jogo que deveria ser um lugar seguro para todas as idades.Em 2012, o Habbo Hotel enfrentou um escândalo de grande magnitude que teve repercussões significativas tanto para a empresa quanto para sua base de usuários. O incidente ganhou destaque após uma reportagem da rede de televisão britânica Channel 4, que revelou aspectos preocupantes relacionados à segurança das crianças na plataforma.A investigação da Channel 4 descobriu a existência de conversas de natureza sexualmente explícita, perversa e pornográfica dentro do jogo, levantando sérias preocupações sobre o comportamento predatório e a exposição de menores a conteúdos inapropriados. Este achado alarmante provocou uma reação imediata tanto do público quanto dos parceiros comerciais do Habbo Hotel.Como consequência direta do escândalo, importantes hipermercados decidiram interromper a venda de cartões-presente do Habbo Hotel. Esta decisão refletiu a gravidade das alegações e a preocupação crescente com a proteção das crianças online.O impacto do escândalo foi profundo para o Habbo Hotel. A plataforma sofreu uma perda significativa de sua base de usuários e teve que tomar medidas drásticas, incluindo o fechamento temporário do site e a implementação de um sistema de "silenciamento" dos usuários. Essas ações foram necessárias para abordar as falhas de segurança e restabelecer a confiança na comunidade online.O escândalo do Habbo Hotel em 2012 serve até hoje como um lembrete crucial da importância da segurança online e da proteção de menores em plataformas digitais. Também destaca a responsabilidade que as empresas de jogos online têm em garantir um ambiente seguro para seus usuários.
Agora entramos num capítulo à parte. Imaginem a minha surpresa, lá por meados de 2009, quando descobri que seria possível usufruir de todas as coisas pagas do Habbo sem gastar um centavo. Quando joguei pela primeira vez um Habbo Pirata (HP), um mundo se abriu diante dos meus olhos. Lembro-me até hoje de ficar maravilhado com o fato de poder comprar o que eu quiser do catálogo, construir e decorar o que viesse à minha imaginação. Assim como em The Sims, a minha parte favorita no Habbo sempre foi me expressar através da decoração. Com os HPs, eu podia finalmente dar asas à minha imaginação, sem ter de gastar dinheiro real para que isso se tornasse realidade.
Os Habbo Piratas nada mais são do que servidores clandestinos do Habbo, com a importante ressalva de que as moedas são gratuitas, o que faz toda a diferença. Todo aquele aspecto capitalista do Habbo original cai por terra. Ainda há, nos HPs, a economia de raros, bem como eventos e promoções que dão recompensas dentro do jogo, mas tudo isso sem fazer com que a diversão gire em torno do lucro da empresa que é proprietária do hotel. Por mais questionável que seja o aspecto legal da pirataria envolvida, o fato é que os Habbo Piratas permitem que TODOS os jogadores aproveitem as funcionalidades do jogo, não apenas aqueles jogadores que têm condições financeiras para arcar com os gastos em um jogo online. Ou seja, enquanto no aspecto jurídico os HPs são questionáveis, no aspecto ético, psicológico e social, eles dão de dez a zero no Habbo original, que sempre foi e continuará sendo mercenário por natureza.
Essa vantagem de poder usufruir do Habbo Hotel sem gastar dinheiro fez com que os Habbo Piratas sempre fossem um tanto populares, desde a época de ouro até os dias de hoje. No Orkut, havia comunidades gigantescas dedicadas a Habbo Pirata. Por coincidência ou não, eu tive o privilégio de ser moderadora da maior delas, que tinha mais de 65 mil membros, e também da maravilhosa HPCS (que ensinava a criar o seu próprio HP), com quase 22 mil membros. (O print abaixo mostra essa comunidade maior lá por meados de 2011, numa versão mais atualizada do Orkut.) Foi uma época sensacional, o ápice do ápice, em que fiz a maior parte dos meus amigos virtuais e em que mais me diverti.
A época dos HPs foi tão especial para mim que, em 2016, anos após eu já ter parado de jogar Habbo, voltei a compor a Equipe Staff de um Habbo Pirata chamado Bobba Hotel, junto ao Vitor V. e ao Igor L., que, assim como eu, nutrem até hoje a nostalgia de pixels em seus corações. Com as suas habilidades incríveis, esses dois amigos programadores conseguiram produzir, em 2018, uma versão do jogo muito melhor que a do hotel original. Porém, como tudo que é bom dura pouco, eventualmente acabamos fechando esse hotel também, deixando um legado de boas memórias.
Em 2021, conheci um HP gringo chamado Classic Habbo, criado por um programador bastante antipático, porém profundamente talentoso chamado Alex / Quackster. Apesar de não ser brasileiro, esse hotel era tão fiel à nostalgia (com uma versão do jogo perfeitamente clássica, algo que já não existia mais no original há muitos anos) que abrigava jogadores do mundo inteiro, inclusive vários brasileiros. Em nome da nostalgia, acabei me apegando a esse hotel, jogando-o esporadicamente, alimentando a minha criança interior. Infelizmente, em 2022, o indigesto Alex resolveu dar fim a esse projeto, que durou quatro anos, dizendo: "A verdade é que nunca quis gerenciar um hotel, este originalmente abriu como um hotel de teste para o meu emulador chamado Havana. É hora de dizer adeus." E, com isso, morreu esse grandioso projeto de revitalização da memória do Habbo clássico.
Por sorte, nem tudo está perdido. Existe um site muito antigo, em pé até hoje, chamado Find Retros, que mostra os Habbo Piratas que ainda estão online, classificando do mais votado para o menos votado. Não por coincidência, o HP mais votado atualmente (em Nov/23) é o Habboon, que foi criado em 2013 e, desde então, vem se revelando como o HP moderno de melhor qualidade da atualidade.
Antes de escrever essa análise, abri um formulário para entrevistar pessoas aleatórias que jogaram Habbo na época de ouro. 100% dos entrevistados concordam que "hoje em dia o Habbo é uma distante sombra do que já foi". Viu como não é apenas a minha opinião, mas o consenso geral? Além disso, do total de entrevistados, 77,8% afirmam que o que tornava o Habbo clássico tão especial eram os jogadores, os mini jogos e os emblemas; essa mesma porcentagem dos entrevistados afirma que o Habbo entrou em declínio por aqueles três motivos já mencionados: a demissão dos gerentes humanos, o fim do Flash Player e a ganância da Sulake por lucro a qualquer custo.
Para fechar com chave de ouro, deixo aqui alguns dos melhores comentários desses entrevistados, que expressam tudo o que o Habbo representou para nós na infância e o quanto o jogo se perdeu.
O Habbo também teve um impacto importante no processo de autoaceitação da minha sexualidade. Lá, eu podia ser quem eu quisesse, sem os julgamentos e limitações do mundo físico. Assim, tive o privilégio de encontrar, no Habbo Hotel, um refúgio virtual onde eu podia ser verdadeiramente eu: um adolescente que estava se descobrindo e se aceitando.
Até mesmo a escolha de Curitiba (PR) como a cidade na qual eu fui morar para fazer faculdade foi influenciada fortemente pelo Habbo. Não há como contar essa história sem mencionar os inúmeros amigos que fiz ao longo dessa jornada. Eles me ensinaram qual é o verdadeiro valor da amizade, que deve ser sempre baseada no respeito, na aceitação e no acolhimento. Na maior parte do tempo, esses amigos "virtuais" construíram conexões muito mais verdadeiras do que aqueles que conheci na vida real. Isso mostra que não podemos subestimar o poder da internet.
Ao fim, fica evidente que o Habbo Hotel foi muito mais do que um jogo. Foi um capítulo fundamental na minha história. Através dele, desenvolvi habilidades sociais, aprendi a me aceitar e a fazer amizades genuínas. Aprendi linguagens de web design, que utilizo até hoje aqui no blog, e, enfim, encontrei direções para a vida real. Esse universo virtual de pixels não só foi um marco na minha adolescência, como também me ajudou a construir os alicerces para quem sou hoje. Por tudo isso, sou eternamente grato, e tenho apenas a lastimar o declínio de um jogo que, um dia, foi tão especial.
(Considerando apenas o Habbo clássico e os HPs)