The Simpsons: Hit & Run
Se você cresceu nos anos 2000 assistindo Os Simpsons e jogando videogame, há grandes chances de The Simpsons: Hit & Run (2003) ter um lugar especial na sua memória. Ele pegou a fórmula de GTA III, removeu a brutalidade e recheou tudo com o humor caótico e sarcástico da série. O resultado? Um jogo de mundo aberto onde Springfield vira um playground interativo, cheio de referências, diálogos afiados e missões absurdas. Dois detalhes tornaram essa experiência memorável: a fidelidade ao universo dos Simpsons e a sensação de liberdade ao explorar a cidade. Mesmo depois de duas décadas, Hit & Run ainda é lembrado com carinho – e por muitos, é visto como um daqueles jogos que precisam de um remake.
Confesso que foram poucas as vezes em que pude jogar esse jogo, mas todas as vezes que o fiz (sempre no PS2 ou em emulador de PS2 para PC), fiquei encantada pela estética de “GTA colorido e family friendly”. Sempre fui fascinada por mundos abertos, desde pequena, e havia algo mágico na forma como Springfield parecia viva e acessível, como se eu pudesse realmente fazer parte daquele universo. Era um daqueles jogos que, mesmo sem jogar por horas a fio, deixava uma marca por sua atmosfera única e inesquecível.
Hit & Run seguia a estrutura clássica de missões em mundo aberto, divididas em sete níveis, cada um protagonizado por um personagem jogável: Homer, Bart, Lisa, Marge e até o Apu. A cidade estava cheia de NPCs falantes, colecionáveis e missões que envolviam corridas contra o tempo, fugas cinematográficas e entregas absurdas. A principal inspiração era GTA III, mas sem a violência gráfica. Sim, você podia “roubar” carros – mas aqui, ninguém ligava. Sim, você podia atropelar pedestres – mas eles apenas soltavam frases engraçadas e seguiam em frente. A polícia existia, mas só te multava se você causasse confusão demais.
Além das missões, havia um sistema de moedas que permitia comprar veículos e skins temáticas para os personagens. A variedade de carros era um show à parte, trazendo desde o icônico carro cor-de-rosa do Homer até o Plow King. Outro charme era a trilha sonora dinâmica e as falas dos personagens, todas dubladas pelos atores da série. Esse detalhe fazia o jogo soar como um episódio interativo.
Um dos grandes trunfos de Hit & Run era a forma como Springfield foi recriada. As ruas, os prédios e os diálogos eram cheios de detalhes tirados diretamente da série. Cada canto do mapa tinha algo para explorar, e os fãs podiam reconhecer instantaneamente locais icônicos, como o Kwik-E-Mart e a Usina Nuclear do Sr. Burns. O jogo era dividido em três mapas principais, que se modificavam conforme a história avançava – uma solução criativa, mas que podia dar a sensação de repetição para quem esperava um mundo completamente aberto.
A comparação com GTA III era inevitável, mas Hit & Run tinha personalidade própria. Enquanto o clássico da Rockstar apostava em um tom sombrio e realista, o jogo dos Simpsons abraçava o absurdo e o humor nonsense. A acessibilidade também era um diferencial: sem mecânicas punitivas, sem missões impossíveis, apenas diversão descompromissada.
Hit & Run ainda é um dos melhores jogos licenciados baseados em uma série animada, com sua atmosfera vibrante, humor afiado e uma Springfield cheia de detalhes que fazem qualquer fã se sentir em casa. No entanto, revivê-lo hoje pode não ser tão envolvente quanto a memória sugere. As missões são repetitivas, os tempos de carregamento testam a paciência, e a física dos carros pode ser mais frustrante do que divertida. A nostalgia o mantém vivo, mas, sem ela, a experiência já não tem o mesmo brilho.
O desejo por um remake continua forte na comunidade de fãs. Modders dedicados já recriaram partes do jogo em motores gráficos modernos, e fãs continuam pedindo uma versão remasterizada. Mas, enquanto nada oficial acontece, Springfield segue esperando pelos jogadores nostálgicos – sempre pronta para mais uma aventura caótica e sarcástica.