Worms Armageddon
"Worms Armageddon" (1999) é um mergulho direto na alma da era dos anos 90, quando videogames ainda tinham o poder de reunir amigos no sofá para uma experiência tão caótica quanto inesquecível. Lançado em 1999 pela Team17, o jogo se destacou por sua fórmula simples, mas com um toque de genialidade: equipes de minhocas armados com bazucas, granadas de banana e a inesquecível Granada Aleluia, duelando em cenários cheios de possibilidades e surpresas. Cada partida era um espetáculo de estratégia improvisada, com pitadas generosas de humor e sorte — e talvez algumas amizades abaladas por um tiro bem colocado.
Se há algo que Worms Armageddon conseguiu capturar perfeitamente, foi a essência do multiplayer local. Imagine a cena: uma sala iluminada pela luz da TV, risadas ecoando enquanto alguém erra um tiro crucial por causa do vento, e aquela mistura inconfundível de competição e camaradagem. Para muitos, essas sessões não eram apenas jogos — eram pequenos eventos sociais que se tornaram parte da memória coletiva de uma geração. E mesmo no modo solo, havia um certo charme em dominar os desafios insanos das missões, que pareciam estar constantemente testando tanto a paciência quanto a criatividade do jogador.
O diferencial de Worms Armageddon, no entanto, está na maneira como ele mescla simplicidade com profundidade. O sistema de física, até hoje lembrado como um dos mais inovadores, transformava até mesmo o ato de arremessar uma granada em uma aula de cálculo prático. Força, ângulo, vento — tudo influenciava cada decisão, e cada erro podia ser uma explosão de risos ou de frustração. A Ninja Rope, com sua física única e curvas de aprendizado desafiadoras, era praticamente uma arte. Quem dominava essa ferramenta não era apenas um jogador habilidoso; era um ninja das minhocas.
E como não falar das falas? Quem jogou jamais esquece o "Sir, yes sir!" dito em tons caricatos, ou o "Oh, não!" que precedia explosões catastróficas. Esses pequenos detalhes de sonoplastia não eram apenas um complemento; eles definiam o caráter e a identidade do jogo, transformando cada vermizinho em uma espécie de anti-herói tragicômico. O som era parte da experiência, elevando o humor e consolidando o charme nostálgico que permanece até hoje.
Além disso, o arsenal de Worms Armageddon era um espetáculo à parte. As armas e ataques garantiam momentos hilários que transformavam o cenário em um show de destruição e risos. Podemos citar o Gambá (ou melhor, cangambá), que espalhava gás venenoso causando danos contínuos às minhocas afetadas, e a icônica Velhinha, que caminhava lentamente pelo campo antes de explodir em uma despedida cômica. O Lança-Ovelhas fazia o caos voar literalmente, lançando ovelhas explosivas em trajetórias improváveis, enquanto a caótica Vaca Maluca trazia uma sequência de bovinos descontrolados – uma fileira de vaquinhas muito loucas e explosivas. Cada uma dessas armas não era apenas útil estrategicamente, mas também carregava o tom irreverente que fazia do jogo algo único.
Mesmo décadas após seu lançamento, Worms Armageddon continua relevante — uma prova do impacto que ele causou. A comunidade fiel mantém o jogo vivo através de mods, mapas personalizados e até mesmo melhorias que os fãs mesmos desenvolveram. Claro, as edições recentes dividem opiniões: enquanto muitos celebram o acesso renovado ao clássico, outros lamentam a falta de aprimoramentos gráficos ou modos online mais robustos. Mas talvez isso apenas destaque o verdadeiro legado do jogo: ele não precisa de polimento ou modernização para ser especial. Sua força está na simplicidade e na diversão explosiva que oferece.
Worms Armageddon é um jogo que, em vez de ficar datado, parece ter ganho mais valor com o passar dos anos. Seja para reviver as risadas de um multiplayer local ou para se perder na nostalgia das vozes dos minhocas, o jogo continua a ser uma experiência única. Afinal, em um mundo repleto de gráficos ultrarrealistas e narrativas épicas, ainda há algo mágico em simplesmente juntar uns amigos, preparar umas granadas e deixar o caos tomar conta.